Mais de 4. Especificação Normativa dos Agregados Reciclados:

Outros temas técnicos

tipos_dos_agregados_reciclados_ars_e_finos_naturais_solos
2. Tipos dos Agregados Reciclados
nomenclatura_mare_dos_ar_e_finos_naturais
3. Nomenclaturas e Definições
5 - Pavimentacao
5. Pavimentação

Outros conteúdos

4.1 Para uso em camadas de pavimentação

Nesta seção são apresentadas e discutidas as especificações que os ARs precisam atender para executar reforço de subleito, revestimento primário de vias não pavimentadas (voltado à perenização de estradas de terra, vias de acesso provisórias), e camadas de sub-base e base de pavimentos (flexíveis, semirrígidos, rígidos e invertidos) usados nas cidades e nas rodovias.

A norma que apresenta especificações mínimas para emprego de AR em camadas de pavimento é a NBR 15.115:2004 [5]. As especificações estão apresentadas na Tabela 5. A norma foca no uso do ARM; ou seja, pode conter misturas de materiais cimentícios (argamassas, concretos), e de cerâmica (vermelha ou branca). Assim, esta não subclassifica o tipo de AR. Essa situação atende a grande maioria das usinas de reciclagem brasileiras, que usualmente recebem resíduo misto, e produzem ARM, geralmente para pavimentação.

Isso não quer dizer que a obtenção de agregado reciclado cimentício (ARCI) ou de concreto (ARCO) não possa ser interessante nesse tipo de aplicação, haja visto que o AR de qualidade superior pode ser usado também em camadas de bases de pavimentos, inclusive usada para preparar outras faixas granulométricas de material (como a brita graduada simples) até incorporando aglomerantes como cal e cimento (produto similar à base de solo cimento ou de brita graduada tratada com cimento – BGTC).

Tabela 5 – Especificação do agregado reciclado para uso em camadas de pavimento.
Fonte: NBR 15.115: 2004 [5]

PropriedadeParâmetrosNormas de ensaios
Composição granulométricaNão uniforme, curva granulométrica contínua e bem graduada.
Coeficiente de curvatura (Cc)1 a 3
Coeficiente de “não” uniformidade (Cu)> 10
Grãos de forma lamelar< 30 % (agregado graúdo)NBR 6954: 1989, substituída por NBR 5564: 2021 [7]
Dimensão máxima característica≤ 63 mm
Teor de material passante na peneira de 0,42 mm10 a 40%NBR 7181: 2016 [6]
Contaminantes (%)Materiais não minerais de mesmas característicasaté 2%
Materiais não minerais de características distintasaté 3%

O termo “contaminantes” se refere a impurezas; ou seja, pedaços de madeira, ou de aço (que podem furar os pneus das máquinas usadas na pavimentação), fragmentos de plásticos, de vidro (que podem cortar e/ou furar pneus, causar acidentes), gesso (friável, que dissolve em água), que não foram totalmente removidos no processo de reciclagem. A implantação de mesas de triagem melhora significativamente a limpeza do resíduo, antes de britagem, favorecendo a obtenção de AR conformes, de acordo com a especificação.

Não é estabelecido um método de ensaio claro para se realizar a análise da composição do AR. Subentende-se que o método de catação deve ser empregado como o estabelecido na norma NBR 15.116 [8], separando, a olho nu, ou por lupa, os constituintes presentes nos ARs.

Na especificação é admitido até 3% da massa de contaminantes não minerais, somando todos os tipos de impurezas presentes, em relação à parte mineral e útil do AR (fração cimentícia e cerâmica). A massa de cada tipo de impureza não pode ultrapassar 2%. Embora os teores limites sejam bem flexíveis, há relatos que teores perceptíveis (bem inferiores aos limites) podem ser motivos para não aceitação do uso dos ARs em obras, sendo recomendável trabalhar com teores limites inferiores.

A dimensão máxima do agregado, natural ou reciclado, é um controle importante pois afeta, após a compactação, a qualidade da camada de pavimento. A dimensão máxima da bica corrida (BC) não deve ultrapassar 63 mm, preferivelmente, deve estar abaixo de 50 mm [9,10].

Além disso, procura-se com a especificação controlar a fração fina presente na BC reciclada, procurando evitar misturas dos ARs com solos de escavação [11]. Deve-se atentar que os solos de escavação podem ser expansivos, causando sérios problemas nas camadas de pavimentação. Assim, quanto à fração passante de material na peneira 0,42 mm, esta não deve ultrapassar 40% de massa, pois neste caso as misturas de ARs com solos de escavação podem prejudicar a qualidade da camada (por expansibilidade, dificuldades na compactação e perda de capacidade de suporte da camada – CBR).

Os dois índices relacionados à granulometria que constam da NBR 15115 – coeficiente de curvatura, e o coeficiente e “não” uniformidade – são calculados com as frações passantes acumuladas, a partir do ensaio de granulometria (Figura 10).

O ensaio de granulometria consiste em determinar as massas de agregados, naturais ou reciclados, que ficam retidas, partindo das peneiras de maior abertura de malha para as de menor abertura. Com esses dados, se estabelece a porcentagem de massa retida acumulada, e a passante acumulada é determinada, subtraindo-se esse valor de 100%; ou seja, a massa acumulada que não é retida, é a fração passante acumulada (valor complementar) [12].

A forma dos agregados, naturais ou reciclados, é medida com paquímetro, de acordo com a norma de lastro ferroviário NBR 6954: 1986 (desatualizada, recentemente incluída na norma NBR 5564: 2021 [7]), estabelecendo as três dimensões principais dos grãos (altura, largura, e comprimento) e classificando-os como cúbico, alongado, lamelar ou alongado-lamelar.

Figura 10 – O ensaio de peneiramento consiste em agrupar peneiras em ordem crescente e medir as massas percentuais retidas, ou passantes, acumuladas, construindo um gráfico em função do tamanho das aberturas das peneiras.
  1. Para uso em argamassa e concreto não estrutural, os ARs devem atender os requisitos específicos estabelecidos pela norma…